João Carlos M. Madail

Alerta do presidente Lula sobre a fome no mundo

Economista, Professor, Pesquisador e Diretor da ACP
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A fome é um sinal fisiológico de carência de nutrientes e vitaminas, que comprometem o bem-estar e a saúde de um indivíduo. Uma pessoa desnutrida carrega consigo inúmeros problemas, entre eles o baixo crescimento, alterações psíquicas e psicológicas. Trata-se de um problema de saúde grave e que pode levar à morte. O presidente Lula tem sido um dos poucos presidentes a falar sobre o tema nas reuniões da ONU (Organização das Nações Unidas), repetindo 20 anos após a sua primeira participação em 2003. Em discurso de pouco mais de 21 minutos, Lula cobrou maior empenho dos países ricos em temas como a superação da fome e da desigualdade, entre outros.

No passado, ao analisar as sociedades, Thomas Malthus imaginou que no futuro a humanidade não conseguiria produzir alimentos suficientes para sustentar todas as pessoas do mundo, considerando que a oferta de alimentos não acompanhava o crescimento da população. Segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a demanda por alimentos deve crescer em maior ritmo que a oferta na próxima década e projeta um crescimento anual de 1,1% na produção mundial de alimentos entre 2023 a 2032. A projeção da ONU é que o mundo atinja 8,5 bilhões de habitantes em 2030 e 9,7 bilhões em 2050. Já para a demanda por alimentos, a ONU projeta aumento de 1,3%. A população mundial atual é composta por 7,7 bilhões de pessoas e continua crescendo anualmente, porém num ritmo lento, se comparado a períodos anteriores.

A própria distribuição das pessoas sobre a superfície terrestre não ocorre de forma homogenia. Um pouco mais de um terço da população mundial está concentrada no continente asiático, com destaque para China e Índia. A população brasileira é a segunda maior do continente americano e, seguindo a tendência mundial, tem experimentado a desaceleração no seu crescimento. Os conflitos e as guerras estão entre as principais causas da fome no mundo. Segundo relatou Lula no seu discurso, são mais de 800 milhões de pessoas convivendo com esse problema, especialmente na África e Ásia. Um dos fatores que mais se destaca como principal agente da diminuição de oferta de alimentos está ligado ao setor energético, mais precisamente os bicombustíveis. A alta do petróleo e a auto-suficiência energética têm levado muitos países, especialmente o Brasil, a buscar novas fontes ou alternativas de geração de energia.

Outro fator, relevante para a diminuição da oferta de alimentos no mundo são as guerras e mais recentemente a da Rússia com a Ucrânia. Em função da relevância desses países no fornecimento de grãos e fertilizantes, além de suas conexões econômicas e financeiras incidentes nas longas cadeias alimentares, como, por exemplo, aquelas derivadas dos preços de óleo e gás.

Lula tem absoluta razão em expor publicamente para o mundo a sua preocupação com a Segurança Alimentar das pessoas, afinal é um direito fundamental do ser humano, imprescindível para o alcance de seu bem estar, e está prevista no Art 25º da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, como também em diversos tratados e documentos internacionais. A fome é um problema de ordem social, econômica e política. Após o alerta do Lula a respeito do tema "fome no mundo", uma série de organismos internacionais têm se pronunciado a respeito da oferta de alimentos. Nos últimos dias, o presidente do Banco Mundial Zoelick, declarou que pelo menos 33 nações correm riscos de ingressar em um colapso social devido os aumentos dos alimentos. O pior é que, segundo a Organização de Agricultura e Comida, os estoques desse ano serão ainda mais reduzidos. Oremos para que as lideranças mundiais possam superar obstáculos, com diálogos frequentes e fazer com que o otimismo enxergue oportunidades onde atualmente a população mundial não vê.


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